29 de mar. de 2013

A Menina


Sabe, esses dias eu tava me lembrando de uma menina que conheci. Não sei bem o porquê; ela já estava bem escondida em meus pensamentos, e por muito tempo não me veio à mente. Mas, por algum motivo, ali estava ela de novo, sorrindo para mim de uma forma que há muito eu não a via fazer. E suas lembranças, teimosas, vieram juntas, saídas de algum buraco que, por conveniência, mantive fechado durante todo este tempo. Ah... ela era incrível! De fato, nunca foi tão fácil se apaixonar por alguém. Quase nove anos se passaram desde que a conheci, e desde então ela esteve sempre presente em minha vida, ainda que em intervalos pequenos em meio a uma grande distância; física ou emocional. Foram momentos que fizeram minha vida valer a pena. 

Mas não se engane; tudo isto acabou. Esta menina, como que por magia, desapareceu. Eu não a vejo há tanto tempo que nem ao menos consigo me recordar quando ela começou a se desvanecer bem diante de meus olhos. Onde está aquela menina romântica e dramática, e talvez um pouco implicante, que amava escrever? Onde está aquela menina que gostava de Shakespeare e falava de amor à primeira vista? Aquela menina que me ensinou uma filosofia de vida: a do único amor? Nós não dizemos “eu te amo” como quem diz “bom dia”, ela costumava me dizer... Sim, eu me lembro de tudo isto. E lembro-me de muito mais; lembro-me de como, ainda que estivéssemos tão distantes, nossos pensamentos sempre se ligavam de uma forma mágica. Lembro-me de conversas bobas e de cantadas idiotas que nos encantavam facilmente. Ah, e não poderia deixar de me lembrar de pequenos momentos que se tornaram eternos apenas por existir. Simples assim. 

Mas acabou. Um dia, ali estava ela; estávamos construindo um relacionamento forte, que poderia não dar certo, mas que, ao menos, era verdadeiro. No outro, não conseguia mais encontrá-la. Vez ou outra, um pouco de sua existência ainda se fazia presente, mas logo desaparecia para não voltar a aparecer por dias. E eu tentava, em desespero, recuperar ao menos um resquício daquela menina, pois temia perde-la como quem teme perder a vida. Mas nada disto adiantou. Dia após dia sua presença se tornava cada vez mais escassa, até desaparecer por completo. E o que sobrou? Uma estranha com quem eu tentava, inutilmente, manter um relacionamento já perdido. Um casal de aparências que tentava se enganar o tempo todo, baseado em algo que já não existia mais. Lembranças de dias melhores que jamais retornarão. E, acima de tudo, uma menina desaparecida, talvez até morta, de quem eu sempre sentirei muita falta... 

Então, caso você a encontre por aí, mande minhas lembranças. Ela se lembrará de mim.
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